Política - 15 de Setembro de 2021 - 07h53

​Inacreditável silêncio dos deputados federais de SC na reunião sobre alta de combustíveis

Círculos de diferentes tamanhos sinalizam Estados com mais ou menos deputados que debateram a crise dos combustíveis; SC não teve oradores – Arte: Altair Magagnin

Reunião na Câmara dos Deputados com presidente da Petrobras teve mais de quatro horas de duração, discutiu a escalada absurda de preços da gasolina, diesel e gás, mas não mereceu prestígio catarinense

Nenhum dos 16 deputados federais de Santa Catarina se manifestou durante a reunião da Câmara dos Deputados com o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna. A escalada nos preços dos combustíveis é um assunto tão importante que foi discutida no plenário da Câmara, boa parte sob o comando do presidente Arthur Lira (PP-AL), inclusive com transmissão ao vivo pelos principais canais de notícias. Mesmo assim, não despertou o interesse dos representantes eleitos pelos catarinenses.

Não foi por falta de tempo. Conforme o registro oficial da Câmara, a sessão começou às 9h40 e terminou às 14h13, sem interrupção para o almoço. Portanto, foram mais de quatro horas de reunião. Dezesseis Estados tiveram representantes aos microfones, tanto para criticar quanto para elogiar a coordenação dos trabalhos do presidente da empresa de petróleo do Brasil.

Quem participou ativamente da reunião

Arthur Lira (PP-AL)

Adolfo Viana (PSDB-BA)

Alexis Fonteyne (Novo-SP)

Arlindo Chinaglia (PT-SP)

Bohn Gass (PT-RS)

Cacá Leão (PP-BA)

Celso Sabino (sem partido-PA)

Cleber Verde (Republicanos-MA)

Coronel Chrisóstomo (PSL-RO)

Danilo Cabral (PSB-PE)

Danilo Forte (PSDB-CE)

Diego Andrade (PSD-MG)

Edio Lopes (PL-RR)

Elmar Nascimento (DEM-BA)

General Girão (PSL-RN)

Glauber Braga (PSOL-RJ)

Hiran Gonçalves (PP-RR)

Igor Timo (Pode-MG)

José Nelto (Pode-GO)

Leda Sadala (Avante-AP)

Lucas Vergilio (Solidariedade-GO)

Osmar Terra (MDB-RS)

Otavio Leite (PSDB-RJ)

Paulo Ramos (PDT-RJ)

Perpétua Almeida (PCdoB-AC)

De acordo com o IBGE, a gasolina acumula alta de preço de 31,1% entre janeiro e agosto, contra uma inflação geral de 5,7%, o IPCA.

O diesel e gás de cozinha também concentram altas, de 28% e 23,8%, respectivamente. O valor dos combustíveis impacta a geração das usinas termelétricas movidas a gás natural e óleo diesel.

Parlamentares criticam mudança na política de preços

Deputados de diversos partidos cobraram a mudança na política de preços de combustíveis da Petrobras, que desde 2016 acompanha a variação do valor do barril de petróleo no mercado internacional e do dólar. É a chamada PPI (política de paridade internacional).

“Temos de ter uma política de preço capaz de não aviltar a situação das famílias do país”, disse o deputado Danilo Forte (PSDB-CE), autor do requerimento para a realização do debate. Para ele, a regra atual prejudica o país, que vive uma tripla crise: energética, econômica e sanitária. “A lógica do preço internacional é um fracasso para o Brasil”, reforçou o deputado Bohn Gass (PT-RS).

Mesmo entre governistas, houve questionamentos. O deputado Cacá Leão (PP-BA) defendeu que a companhia reveja sua posição. “Pergunto se não chegou a hora da Petrobras, uma empresa que lucrou cerca de R$ 43 bilhões [2° trimestre de 2021], fazer um encontro de contas com o povo brasileiro”, afirmou Leão.

O deputado Igor Timo (Pode-MG) propôs que a companhia divulgue a fórmula que usa para reajustar o preço dos combustíveis. “Ela não deveria ser pública?”, perguntou.

“Custo tem sido colocado com máximo de cuidado”, diz Silva e Luna

Durante o debate com os deputados, o presidente da Petrobras não chegou a fazer uma defesa direta da política de paridade internacional, mas afirmou que as regras atuais permitiram que estatal recuperasse o lucro, que foi de R$ 42,8 bilhões no 2° trimestre de 2021, contra prejuízo de R$ 2,7 bilhões registrado no mesmo período do ano passado.

Joaquim Silva e Luna também disse que a estatal não repassa para os combustíveis a volatilidade do mercado. “Todo o custo que exige de produção tem sido colocado com o máximo de cuidado na hora de fazer as mudanças [dos preços]”, declarou.

Ainda segundo Luna, a estatal responde por apenas 34% do preço do litro da gasolina na bomba. O restante é margem de lucro de postos e refinarias, tributos federais e estaduais e o custo do etanol misturado.

Aliados do governo jogam a culpa nos Estados

Deputados aliados ao governo defenderam a estatal. Eles argumentaram que o principal culpado pelo alto preço dos combustíveis é o ICMS, um imposto estadual.

“Está na hora dos governos estaduais, que foram tão ajudados pelo governo federal nesta pandemia, ter compreensão e colaborar”, afirmou Osmar Terra (MDB-RS).

Já o deputado Alexis Fonteyne (Novo-SP) manifestou-se a favor da paridade internacional de preços. “O Brasil não pode mais fazer política econômica com preços de combustível, como aconteceu no passado”, disse.

Com informações da Agência Câmara de Notícias

Fonte: NDMais

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