Imagine um casal que se separou e tem
a guarda compartilhada do filho, sendo que os dias das visitas são em finais de
semana alternados, sendo tudo estabelecido e homologado pela justiça.
Ocorre que, a criança não quer
visitar o pai. O que fazer?
Primeiramente, temos que analisar o
que vem ocorrendo para que essa criança perca a vontade de ficar junto como
pai, pois essa seria uma expectativa natural da criança.
Muitas vezes, as crianças
compartilham as dores dos cônjuges, observam as brigas do casal, as discussões
e por amor cego, ficam ao lado daquele que aparentemente parece estar
fragilizado.
Como se ela dissesse lá no fundo da
alma: “mamãe para proteger você eu também não vou”.
Em casos severos, o menor presencia a
violência doméstica, sofre abusos e sente na pele as dores emocionais e os
conflitos gerados pela perda da conexão familiar, ficando assustado em ficar na
companhia do pai.
Por outro lado, o filho não é
obrigado a ficar na presença do pai se assim não querer. Respeitar os
interesses da criança é o caminho para a solução. Mas, essa recusa precisa ser
genuína, não devendo ser manipulada por alienação parental, o que seria crime,
além de um sério abuso emocional.
Saber ouvir a criança, seus medos,
anseios, mostrar para ela que existe um lugar em seu coração para cada
integrante do lar parental, olhando com muito amor para os motivos que fazem
ela se afastar nesse momento desse pai, podendo sinalizar somente um trauma
após separação, que pode ser curado extrajudicialmente.
Nos casos mais grave, quando houver,
por exemplo, a desconfiança de maus-tratos, é preciso recorrer à justiça, que
investigará a situação para determinar o melhor para caminho para o menor.
O mais importante para a mãe nesse
momento é dar segurança para esse filho, dizendo que papai e mamãe sempre vão
amá-lo independentemente de estarem morando em casas separadas.
Quando os pais são disfuncionais, os
filhos sentem a sobrecarga. Por isso, é importante sermos pais funcionais, com
a cabeça no lugar, com inteligência emocional.
Para uma criança, não importa se os
pais têm carro ou não, se em uma nova moradia terá cama ou não, terá quarto ou
não, brinquedos caros ou não, se irão para Disney ou não, ela só quer a
presença dos genitores. A presença de pais saudáveis e funcionais. Ela só quer
nosso amor.
Então, durante o processo de
separação cabe um dizer ao outro: Assim é. Assim foi. Gratidão pelo nosso
filho. Gratidão pela nossa história. Eu sinto muito, nossa história deu certo
até aqui. Agora você segue e eu sigo.
O que fazer quando percebemos que
estamos diante de tal situação? Devemos meditar nas seguintes perguntas: O que
temos feito para amenizar o sofrimento do nosso filho? Temos feito o máximo das
nossas capacidades? Por quanto tempo temos nos dedicado a ele? Quanto temos
mostrado a ele que ele é querido e importante, mesmo estando em casas
diferentes?
Então, durante esse processo de
separação, é importante que ambos cuidem do emocional para não afetar o filho.
JULIANE SILVESTRI BELTRAME