16 de Setembro de 2022 - 16h07

​E se o meu filho não quer ver o pai?

Imagine um casal que se separou e tem a guarda compartilhada do filho, sendo que os dias das visitas são em finais de semana alternados, sendo tudo estabelecido e homologado pela justiça.

Ocorre que, a criança não quer visitar o pai. O que fazer?

Primeiramente, temos que analisar o que vem ocorrendo para que essa criança perca a vontade de ficar junto como pai, pois essa seria uma expectativa natural da criança.

Muitas vezes, as crianças compartilham as dores dos cônjuges, observam as brigas do casal, as discussões e por amor cego, ficam ao lado daquele que aparentemente parece estar fragilizado.

Como se ela dissesse lá no fundo da alma: “mamãe para proteger você eu também não vou”.

Em casos severos, o menor presencia a violência doméstica, sofre abusos e sente na pele as dores emocionais e os conflitos gerados pela perda da conexão familiar, ficando assustado em ficar na companhia do pai.

Por outro lado, o filho não é obrigado a ficar na presença do pai se assim não querer. Respeitar os interesses da criança é o caminho para a solução. Mas, essa recusa precisa ser genuína, não devendo ser manipulada por alienação parental, o que seria crime, além de um sério abuso emocional.

Saber ouvir a criança, seus medos, anseios, mostrar para ela que existe um lugar em seu coração para cada integrante do lar parental, olhando com muito amor para os motivos que fazem ela se afastar nesse momento desse pai, podendo sinalizar somente um trauma após separação, que pode ser curado extrajudicialmente.

Nos casos mais grave, quando houver, por exemplo, a desconfiança de maus-tratos, é preciso recorrer à justiça, que investigará a situação para determinar o melhor para caminho para o menor.

O mais importante para a mãe nesse momento é dar segurança para esse filho, dizendo que papai e mamãe sempre vão amá-lo independentemente de estarem morando em casas separadas.

Quando os pais são disfuncionais, os filhos sentem a sobrecarga. Por isso, é importante sermos pais funcionais, com a cabeça no lugar, com inteligência emocional.

Para uma criança, não importa se os pais têm carro ou não, se em uma nova moradia terá cama ou não, terá quarto ou não, brinquedos caros ou não, se irão para Disney ou não, ela só quer a presença dos genitores. A presença de pais saudáveis e funcionais. Ela só quer nosso amor.

Então, durante o processo de separação cabe um dizer ao outro: Assim é. Assim foi. Gratidão pelo nosso filho. Gratidão pela nossa história. Eu sinto muito, nossa história deu certo até aqui. Agora você segue e eu sigo.

O que fazer quando percebemos que estamos diante de tal situação? Devemos meditar nas seguintes perguntas: O que temos feito para amenizar o sofrimento do nosso filho? Temos feito o máximo das nossas capacidades? Por quanto tempo temos nos dedicado a ele? Quanto temos mostrado a ele que ele é querido e importante, mesmo estando em casas diferentes?

Então, durante esse processo de separação, é importante que ambos cuidem do emocional para não afetar o filho.


JULIANE SILVESTRI BELTRAME

ESPECIALISTA EM DIREITO DAS FAMÍLIAS

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