Único Papai Noel com registro profissional do Brasil, o catarinense de São Lourenço do Oeste Elio Lazzarotto raspou a barba e cabelo nesta segunda-feira (28).
Há 16 anos, ele faz o mesmo ritual depois do Natal, para se preparar para o ano seguinte. O que Elio não esperava era que 2015 tivesse, também, um corte tão grande no orçamento da própria família.
Com a marca reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), Elio encarna Papai Noel há 32 anos, e desde 1999 vive exclusivamente da renda obtida com o personagem natalino. Neste ano, porém, a crise econômica refletiu em seu trabalho. Ele diz nunca ter feito tão poucas apresentações como em 2015.
Foram 22 shows em cidades de Santa Catarina e no Paraná, menos até do que no seu ano de estreia como Papai Noel, quando fez 29 aparições. "A minha média sempre foi de 40, 50 apresentações. Já cheguei a fazer em 96 cidades em um ano. Entretanto, a crise pegou."
A justificativa foi uma só. "Em todas as prefeituras que eu visitava, me diziam que houve corte de orçamento. Os prefeitos cortaram funcionários, cargos comissionados, como iam justificar para a comunidade a contratação do Papai Noel?".Para reduzir o valor do espetáculo, que chegava a R$ 12 mil por apresentação, Papai Noel teve de abdicar de uma das suas marcas registradas: a chegada de helicóptero. "A gente teve que se adequar. Teve apresentação que a gente reduziu pela metade o valor", conta Elio.
Mesmo assim, ele mantém apresentações voluntárias, como o encontro com crianças que lutam contra o câncer no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis.
Trabalho extra
Para o próximo ano, Papai Noel deve buscar um trabalho extra. Ele diz que irá retomar um projeto de educação ambiental nas escolas por um valor "simbólico". "Nas escolas eu vou falar um pouco sobre meio ambiente, a importância do não aprisionamento dos pássaros. Irei cobrar um valor somente para cobrir os custos", fala sobre o projeto.
A ideia dele é aparecer para as crianças como "o filho do Papai Noel", já que a barba estará cortada. No projeto, ele irá pedir para que meninos e meninas soltem pássaros e entreguem as gaiolas. Em troca, ele deve doar a coleção de cartões telefônicos com o próprio rosto, fruto de uma parceria antiga que teve com uma empresa telefônica.
A barba se vai, o personagem fica
Na cidade de Elio, São Lourenço do Oeste, na região Oeste de Santa Catarina, mesmo após a mudança de visual, as pessoas o reconhecem como o Papai Noel. "O personagem é muito forte e eu faço questão de fazê-lo, como uma missão. A mensagem que a gente passa fica o ano inteiro", conta.
Com 61 anos, Elio ainda não tem a barba e cabelos completamente brancos - por isso, faz descoloração nos fios. "O cabelo e a barba ainda são pretos, então preciso passar por um processo de quatro descolorações, durante dois dias. A barba chega a ficar laranja, mas depois fica branquinha", explica.
Na segunda-feira, a mudança foi completa. O cabelo e a barba foram raspados. Elio diz que, a cada mês, a barba chega crescer até 1,5 centímetros, chegando a 15 centímetros no final do ano. Até dezembro, ele diz não precisar aparar as madeixas. "Eu uso reparador de pontas".
Fonte: G1-SC
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