No dia 15 de outubro, é
comemorado o Dia do Professor, data em que se homenageiam os responsáveis
pelo desenvolvimento da educação e do conhecimento no país, abrangendo um grupo
de profissionais que trabalham desde a educação infantil até o ensino superior.
Trata-se de uma das mais importantes profissões praticadas no mundo.
Neuropsicóloga mostra que, sem ela, a transmissão de conhecimentos e a correta
apreensão destes pelas pessoas seriam praticamente impossíveis.
A origem do Dia do Professor se deve ao fato
de, na data de 15 de outubro de 1827, o imperador Dom Pedro I ter instituído um
decreto que criou o Ensino Elementar no Brasil, com a instituição das escolas
de primeiras letras em todos os vilarejos e cidades do país. Além disso, o
decreto estabeleceu a regulamentação dos conteúdos a serem ministrados e as
condições trabalhistas dos professores. Tempos depois, mais precisamente no ano
de 1947, o professor paulista Salomão Becker, em conjunto com três
outros profissionais da área, teve a ideia de criar nessa data um dia de
confraternização em homenagem aos professores e também em razão da necessidade
de uma pausa no segundo semestre, até então muito sobrecarregado de aulas.
Mais tarde, em 1963, a data foi oficializada pelo decreto
federal nº 52.682, que, em seu art. 3º, diz que “para comemorar condignamente o
dia do professor, os estabelecimentos de ensino farão promover
solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna,
fazendo delas participar os alunos e as famílias”. O responsável por aprovar
esse decreto foi o presidente João Goulart.
Nesse cenário pandêmico, a neuropsicóloga Leninha Wagner
explica que os professores se deparam com desafios “não só da ordem pedagógica,
no sentido de mediar saberes e conhecimentos através de plataformas digitais,
mas, principalmente, necessitaram usar da compreensão da afetividade que se
estabelece na relação professor-aluno, para manter a ‘conexão’, entre esse
par, de quem ensina e de quem aprende”. Assim, é possível “continuar a
transmitir uma educação de excelência, em momentos de dúvidas e tantas
instabilidades e completa vulnerabilidade social”, completa.
A transferência é um dos conceitos utilizados pelos
psicanalistas e que, detalha Leninha, consiste na “atualização de desejos
inconscientes originalmente experimentados, nas primeiras relações, geralmente
com pais, e outros membros da família”. Além disso, a transferência pode
estabelecer-se em outros contextos intersubjetivos, ela ressalta: “a
relação professor-aluno – por sua proximidade histórica com as primeiras
relações, pela duração do processo de ensino-aprendizagem que vai da infância
até a fase adulta e pela função de transmissão do conhecimento de que são
investidos a instituição escolar e os educadores”.
A transferência psicanalítica nos remete a ideia de
"transporte", ou seja, transportar o saber de um mestre para seu
pupilo. Sendo assim, Leninha Wagner lembra que “a transferência ocorre com
todos os sujeitos, partindo do desejo reprimido à uma lembrança ou experiência
vivida no passado. Já a que ocorre na relação professor–aluno é despertada
por um desejo, é por isso que o aluno atribui ao professor algo
especial, o que determina o seu desejo. O professor é depositário de
algo que foi lhe direcionado pelo desejo do aluno. Quando o aluno se encontra
revestido por esta transferência ele é marcado no seu percurso intelectual por
seu professor, não esquecendo que é o próprio desejo que torna o
seu professor excelente”.
Vale lembrar que essa transição, detalha Leninha, “não é
apenas uma repetição do passado, consiste em um papel dado
ao professor pelo aluno onde ele cria um cenário na sua imaginação, é
a sua própria verdade. É dessa relação que o aluno desperta inúmeras capacidades,
desde referentes ao conhecimento até principalmente potencialidade de vivência
como ser social”. Feita a transferência, o professor assume, do ponto
de vista afetivo, um poder de influir no seu aluno. Nesse contexto, ela
salienta, “o aluno encontra no professoro seu amparo, é a partir daí que a
transferência será colocada em prática, a admiração, o desejo, o afeto que o
aluno tem para com o professor se passa através da
transferência”.
Dentre todos os acontecimentos que fazem parte da
relação professor-aluno, a neuropsicóloga reforça que “não podemos deixar
de falar sobre o processo de ensino-aprendizagem, no qual estudos feitos por
Freud mostraram que à medida que a criança aprende a desejar ela começa a
querer saber. Portanto, cabe ao professor a responsabilidade de
‘ensinar a aprender’, a querer assimilar conhecimentos, articular pensamento e
derivar saberes para a longa trajetória do ciclo vital”.
Além disso, professores necessitam ser reconhecidos e
validados, como pessoas de importância primordial na vida dos nossos pequenos.
“Não deve ser coincidência a proximidade do dia das crianças com o dia dos
professores, é uma relação muito próxima, criança e professor”, comenta
Leninha. Para celebrar o dia destes profissionais, Leninha deixa uma mensagem
parabenizando pela data: “Que nossos mestres recebam todas as homenagens pelos
seus esforços em inspirar e formar toda as outras profissões”, finaliza.
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Fonte: MF Press Global