Saúde - 21 de Setembro de 2020 - 10h21

​Maracujá-alho mostra resultados promissores para controlar tremores do mal de Parkinson

Estudo desenvolvido pela Embrapa, Universidade de Fortaleza (Unifor) e Universidade Federal do Ceará (UFC) comprovou efeitos do maracujá-alho (Passiflora tenuifila Kilip) para reduzir tremores similares aos do mal de Parkinson e de outros distúrbios relacionados à coordenação motora e ao sistema nervoso central.

Os testes realizados com ratos em laboratório abrem caminho para a produção de alimentos funcionais e fitoterápicos, mas ainda carecem de outros ensaios clínicos que comprovem uma dose segura e eficaz para o uso em humanos.

Os resultados foram publicados recentemente na Food Research International e no Journal of Functional Foods e contribuem também para a agregação de valor a essa espécie silvestre de maracujá, ainda pouco estudada. Os estudos científicos foram motivados por conhecimentos oriundos do uso popular, no qual o chá da fruta seca é usado para aliviar tremores. O nome “maracujá-alho” nasceu da proximidade de aroma com o bulbo.

A pesquisa é um passo importante para o desenvolvimento de um possível ingrediente para a indústria de alimentos funcionais ou de medicamentos. Segundo o pesquisador Nedio Jair Wurlitzer, da Embrapa Agroindústria Tropical(CE), o experimento demonstrou que o maracujá-alho não apresenta toxicidade. Além disso, expressou efeito funcional promissor como agente ansiolítico, hipnótico-sedativo, anticonvulsivante e antitremor, possivelmente relacionados com os compostos fenólicos presentes.

“Os impactos potenciais dessa pesquisa se relacionam à oferta de um ingrediente funcional, com ação protetiva ou para controle de sintomas tipo tremor essencial ou parkinsonismo”, revela Wurlitzer. Ele argumenta que o resultado abre novas possibilidades para empresas dos ramos de alimentação e saúde, bem como para produtores agrícolas interessados no cultivo da fruta.

O estudo foi um desdobramento de pesquisas realizadas com o objetivo de valorizar espécies silvestres de maracujá. De acordo com a pesquisadora Ana Maria Costa, da Embrapa Cerrados (DF), embora existam no Brasil mais de 150 espécies de maracujá, a metade delas com frutos comestíveis, o maracujá-amarelo (Passiflora edulis Sims) reina praticamente sozinho no mercado comercial.

Os estudos para valorização de maracujás nativos da biodiversidade brasileira tiveram participação de pesquisadores de todo o País, dentro da rede Passitec, coordenada pela pesquisadora.

“Observamos no banco de germoplasma da Embrapa Cerrados materiais interessantes para sair do eixo de melhoramento das espécies convencionais e fazer com que cheguem ao mercado as espécies da biodiversidade brasileira”, detalha Costa.

Entre os inúmeros resultados das pesquisas, destaca-se o lançamento da cultivar BRS Vita Fruit (BRS VF), obtida por meio do melhoramento genético convencional a partir de populações de Passiflora tenuifila Killip de diferentes origens, principalmente da região do Cerrado do Planalto Central.

O trabalho incluiu também o desenvolvimento de soluções relacionadas ao sistema de produção e ao aproveitamento dos frutos. “Um dos grandes problemas era a dificuldade de germinação das sementes desse maracujá silvestre”, como explica a pesquisadora Rita Pereira, da Embrapa Agroindústria Tropical, que atuou com o sistema de produção do fruto no Ceará. Ela explica que conseguiu solucionar o problema alterando o método tradicional de produção das mudas. “As sementes não foram lavadas e esse detalhe contribuiu para a germinação”, diz.

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Fonte: Embrapa​

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