Variedades - 27 de Abril de 2020 - 07h23

História - ​Naturalista é desmentido por autoridades. Ele informou que em Campo Erê havia bandeira da Argentina

Foto: 1965 Resgate da história campoere_1.com

O relatório do naturalista e explorador alemão, a serviço do governo argentino repercutiu entre as autoridades do Brasil, em 1884.

Ele informou o governo da Argentina que a única autoridade que encontrou em Campo Erê, durante a sua viagem exploratória pelo Extremo Oeste, tinha retirado a bandeira do Brasil e substituído pelo pavilhão nacional argentino, além de ter sido nomeado alcaide do povoado, uma função semelhante a de prefeito.

A notícia, exposta no relatório, chegou à presidência da Província do Paraná, em Curitiba, que exigiu informações acerca do fato, que foram prestadas através de ofícios .

O juiz municipal do termo de Palmas, major Arlindo Silveira Miró, respondeu ao questionamento do presidente da província sobre o ocorrido.

“Quando recebi esse officio de V. Ex. aqui esteve o fazendeiro d´aquelle lugar, Antonio Antunes de Lara, um dos mais intelligentes moradores de Campo Erê, e informou-me que era falso o facto, que lá nunca se fallou em tal, como também não existem bandeiras no lugar.

Entretanto dei providencias para ter informações pessoaes
Do inspector do quarteirão d´alli, autoridade que póde desmentir o facto. Pela minha parte afianço a V. Ex. que os dados e informações que obteve o naturalista Gustavo Niederlein n´este municipio são sem base e certeza pela incompetencia das pessoas que o informaram”.

O juiz municipal do termo de Palmas escreveu que acreditava que o naturalista tinha sido enganado pela gaiatice de moradores de Campo Erê.

“Alguns estou informado terem-na dado por divertimento e sei que esse indivíduo não foi às cabeceiras dos rios Chapecó e Chopim, cujas águas não viu correr, concluindo-se, como acima disse a V. Ex., que a notícia d´este municipio dada por esse individuo é falsa. É o que posso presentemente informar a V. Ex., aguardando a informação do inspector de quarteirão de Campo Erê”.

A correspondência oficial foi encaminhada no dia 1º de dezembro, ao presidente da Província do Paraná, Dr. Brazilio Augusto Machado de Oliveira.

Dias depois, o inspetor de quarteirão de Campo Erê também desmentiu o relatório:

“Informo a V. S., com a maior segurança que é falsa a notícia dada por Gustavo Niederlein de ter a unica autoridade brazileira que havia em Campo Erê trocado a bandeira brazileira pela argentina. A autoridade única que ali ha sou eu, inspetor de quarteirão, nomeado legalmente, e tal não fiz, nem podia fazer. Outros particulares talvez n´isso conversassem por mero divertimento, garantindo a V.S. que bandeiras de nação alguma existem no Campo Erê, e que ali exerço, como outros, e ha muitos annos,.autoridade sem contestação alguma. As informações que no Campo Erê obteve o referido Gustavo foram dadas por particulares, sem fundamento nem exactidão. Isso é o que in formo com verdade sob o juramento do meu cargo”.

O ofício foi endereçado no dia 3 de dezembro de 1884 ao major Arlindo Silveira Moró, juiz municipal do termo de Palmas, pelo inspector de quarteirão de Campo Erê, José Tiburcio de Siqueira.

Referência bibliográfica; O DESPERTADOR, Ed. 2.267, Florianópolis, 17 de janeiro de 1885, p.2

Fonte: CampoErê.Com/DESPERTADOR,

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