O relatório do naturalista e explorador alemão,
a serviço do governo argentino repercutiu entre as autoridades do Brasil, em
1884.
Ele informou o governo da Argentina que a única
autoridade que encontrou em Campo Erê, durante a sua viagem exploratória pelo
Extremo Oeste, tinha retirado a bandeira do Brasil e substituído pelo pavilhão
nacional argentino, além de ter sido nomeado alcaide do povoado, uma função
semelhante a de prefeito.
A notícia, exposta no relatório, chegou à
presidência da Província do Paraná, em Curitiba, que exigiu informações acerca
do fato, que foram prestadas através de ofícios .
O juiz municipal do termo de Palmas, major
Arlindo Silveira Miró, respondeu ao questionamento do presidente da província
sobre o ocorrido.
“Quando recebi esse officio de V. Ex. aqui
esteve o fazendeiro d´aquelle lugar, Antonio Antunes de Lara, um dos mais
intelligentes moradores de Campo Erê, e informou-me que era falso o facto, que
lá nunca se fallou em tal, como também não existem bandeiras no lugar.
Entretanto dei providencias para ter
informações pessoaes
Do inspector do quarteirão d´alli, autoridade que póde desmentir o facto. Pela
minha parte afianço a V. Ex. que os dados e informações que obteve o
naturalista Gustavo Niederlein n´este municipio são sem base e certeza pela
incompetencia das pessoas que o informaram”.
O juiz municipal do termo de Palmas escreveu
que acreditava que o naturalista tinha sido enganado pela gaiatice de moradores
de Campo Erê.
“Alguns estou informado terem-na dado por
divertimento e sei que esse indivíduo não foi às cabeceiras dos rios Chapecó e
Chopim, cujas águas não viu correr, concluindo-se, como acima disse a V. Ex.,
que a notícia d´este municipio dada por esse individuo é falsa. É o que posso
presentemente informar a V. Ex., aguardando a informação do inspector de
quarteirão de Campo Erê”.
A correspondência oficial foi encaminhada no
dia 1º de dezembro, ao presidente da Província do Paraná, Dr. Brazilio Augusto
Machado de Oliveira.
Dias depois, o inspetor de quarteirão de Campo
Erê também desmentiu o relatório:
“Informo a V. S., com a maior segurança que é
falsa a notícia dada por Gustavo Niederlein de ter a unica autoridade
brazileira que havia em Campo Erê trocado a bandeira brazileira pela argentina.
A autoridade única que ali ha sou eu, inspetor de quarteirão, nomeado
legalmente, e tal não fiz, nem podia fazer. Outros particulares talvez n´isso
conversassem por mero divertimento, garantindo a V.S. que bandeiras de nação
alguma existem no Campo Erê, e que ali exerço, como outros, e ha muitos
annos,.autoridade sem contestação alguma. As informações que no Campo Erê
obteve o referido Gustavo foram dadas por particulares, sem fundamento nem
exactidão. Isso é o que in formo com verdade sob o juramento do meu cargo”.
O ofício foi endereçado no dia 3 de dezembro de
1884 ao major Arlindo Silveira Moró, juiz municipal do termo de Palmas, pelo
inspector de quarteirão de Campo Erê, José Tiburcio de Siqueira.
Referência bibliográfica; O DESPERTADOR, Ed. 2.267, Florianópolis, 17 de janeiro de 1885, p.2
Fonte: CampoErê.Com/DESPERTADOR,