A Polícia Civil do Paraná (PCPR) deflagrou, na
manhã desta quarta-feira (19), uma operação contra um grupo criminoso, que
praticava golpe na venda de pacotes de viagem para a Terra Santa. Mais de mil
pessoas podem ter sido lesadas, no esquema que teria levantado cifras
milionárias.
A ação, que contou com o apoio das Polícias
Civis de Santa Catarina e São Paulo, cumpriu 22 mandados judicias, sendo quatro
de prisão preventiva, quatro de prisão temporária e 13 de busca e apreensão,
além do bloqueio de contas bancárias e sequestro de bens dos envolvidos. As
ordens judiciais foram expedidas pelo juiz da 7ª Vara Criminal da Comarca da
Região Metropolitana de Curitiba.
Entre os presos estão alguns pastores
evangélicos que ocupavam posições de destaque na quadrilha.
Os mandados foram cumpridos, simultaneamente, em
diversos bairros de Curitiba, bem como em Araucária – Região Metropolitana de
Curitiba, além de São Paulo (SP) e Piracicaba (SP).
Os investigados frequentavam cultos e encontros
cristãos para conquistar a confiança de fiéis e fazer a oferta de viagens, que
sabidamente nunca aconteceriam. Além disso, realizavam ampla divulgação de seus
serviços em redes sociais e propagandas televisivas.
Os suspeitos constituíram diversas empresas em
nome de “laranjas” com o objetivo de lesar, especificamente, fiéis de entidades
religiosas. O líder do grupo criminoso já havia sido preso no ano de 2015 ao
aplicar o mesmo tipo de golpe.
A PCPR já identificou vítimas em vários estados,
como Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
São Paulo, Roraima e Pará.
Conforme apurado, o pastor que comandava o
esquema criminoso exigia que as pessoas que adquiriam os falsos pacotes de
viagens para Terra Santa, enviassem fotos de frente e verso de seus cartões de
crédito para efetuar o pagamento.
As viagens eram vendidas com data agendada para
dois anos posteriores à compra, com forma de pagamento facilitada e parcelas
pequenas. O intuito era que as vítimas pagassem o maior número de prestações,
até que percebessem que poderiam ter caído em um golpe. Houve situação,
inclusive, em que os suspeitos fraudavam “vouchers” de reserva em hotéis e
passagens aéreas para dar mais credibilidade à fraude.
Quando as vítimas faziam questionamentos
referentes às viagens, os criminosos costumavam dizer que a empresa estaria
impossibilitada de realizar operações em razão de uma concordata, não podendo
fazer qualquer negociação sem autorização judicial.
A técnica utilizada pelo bando é a de não
desaparecer. Eles simulavam uma possível falência da empresa para justificar a
não realização das viagens, utilizando como desculpa a atual situação de uma
empresa aérea, a qual informou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a
suspensão de suas operações. Os suspeitos diziam ter um contrato firmado com
essa empresa, entretanto não possuíam vínculo algum.
O que chamou atenção da PCPR é que, a partir do
momento em que as vítimas se davam conta que a empresa não iria entregar as
viagens, o grupo criminoso constituía outras empresas fraudulentas para dar
continuidade ao golpe.
Os suspeitos entravam em contato com as pessoas
que tinham adquirido os pacotes de viagens, dizendo que essa nova empresa iria
emitir novos boletos e honrar com o que a antiga agência de turismo havia se
comprometido. Era um método de tentar extrair ainda mais dinheiro das
vítimas.
Segundo as investigações e a materialidade de
provas recolhidas no curso das diligências, os indivíduos utilizavam-se da boa
fé dos membros de instituições religiosas para prospectar pessoas que poderiam
tornar-se vítimas.
O grupo criminoso também estava divulgando
viagens para a Copa do Mundo de 2022, entre outros passeios turísticos para
atingir um novo nicho de vítimas e ampliar o número de golpes.Todos os investigados responderão por induzir o
consumidor ao erro e associação criminosa. Os suspeitos encontram-se presos à
disposição da Justiça.
Fonte: PC PR