O Brasil enfrenta uma invasão
de javalis e javaporcos sem precedentes na zona rural, com aumento de 500%
desde 2007 SF Agro Atendendo pedido da Federação da Agricultura e Pecuária do
Estado de Santa Catarina (Faesc), o governo do estado regulamentou a
caça, captura e abate de javalis em todo o território através de portaria
publicada no Diário Oficial do Estado.
Em decorrência, a Polícia
Militar Ambiental estabeleceu o aplicativo “Ambiental SC” como o sistema
para gestão e acompanhamento dessa atividade. O aplicativo deve ser
baixado no celular ou tablet. Nele, os caçadores se cadastram
e recebem um código, que acompanhará o seu histórico. A portaria ainda
impõe diversas regras para a caça, como registro de porte de armas.
“O javali tornou-se um
tormento para os produtores rurais porque destrói as plantações e ameaça a vida
das pessoas que trabalham na área rural”, diz o presidente da Faesc, José
Zeferino Pedrozo. De acordo com o dirigente, a PM Ambiental visitará os
Sindicatos Rurais das microrregiões onde a presença de javalis é mais intensa
para orientação dos produtores. Nesses encontros também estará em pauta o
combate à criminalidade no campo. Javalis causam prejuízos Segundo comunicado
da Faesc, esses animais exóticos formam populações fora de seu sistema e
representam ameaças ao meio ambiente, causam enormes prejuízos à economia, à
biodiversidade e aos ecossistemas naturais.
As perdas econômicas
decorrentes das invasões biológicas nas culturas, pastagens e nas áreas de
florestas são imensas. Leia também: 8 dicas para entender tudo sobre a
caça autorizada e abate de javalis. Pedrozo afirma que os perigos
à saúde humana são elevados. Ele ainda cita os resultados do estudo, que
tem apoio da Fapesp, de autoria do professor Mauro Galetti do
Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio
Claro, do seu doutorando Felipe Pedrosa, da bióloga Alexine Keuroghlian da
Wildlife Conservation Society (Brasil) e do professor Ivan Sazima colaborador
do Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A pesquisa concluiu que a
relação entre javalis e morcegos é muito preocupante. A quantidade
de morcegos-vampiros, que transmitem raiva e preocupam agropecuaristas,
pode aumentar no Brasil e nas Américas por conta do crescimento das populações
do javali. Na Mata Atlântica (que inclui Santa Catarina), cerca de 1,4%
dos morcegos- vampiros apresenta o vírus da raiva.
A transmissão de raiva por
vampiros é uma das maiores preocupações dos pecuaristas no Brasil, mesmo nas
regiões onde o gado é vacinado. Mas animais selvagens, o que inclui os porcos
ferais, não são vacinados, criando um potencial elevado de disseminação da
doença. Por outro lado, os javaporcos aliam a ferocidade dos javalis com
as dimensões e a fertilidade do porco doméstico, animal selecionado para
fornecer mais carne e crias do que seu ancestral selvagem. Um javali macho
adulto chega a 100 quilos. Um javaporco pode ter mais de 150 quilos e reproduz constantemente.
Presença de javalis na zona rural De acordo com informações da Faesc, o
Brasil enfrenta uma invasão de javalis e javaporcos sem precedentes na zona
rural, com aumento de 500% desde 2007. Em 1989, javalis ferais no Uruguai
começaram a cruzar a fronteira com o Rio Grande do Sul do Brasil.
Foi o início da infestação
que se alastrou para o território catarinense, atingindo as regiões da serra e
do meio-oeste. Javalis e demais suídeos (porcos) em estado asselvajado são
considerados uma das piores espécies exóticas do mundo, destacam os
pesquisadores.
Os javaporcos andam em
bandos, são agressivos e muito perigosos. Como o javali (e o javaporco) é
considerado uma espécie nociva à fauna brasileira, o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) liberou a caça ao
animal em território nacional desde 2013. A FAESC alertou que o
problema não se limita apenas a porcos. Os animais nativos que são mordidos por
morcegos-vampiros, como antas, veados e capivaras, carregam a ameaça potencial
de transmissão de outras doenças virais existentes nos javalis.
Fonte: SF Agro